Print

O pulmão normal

Para ajudá-lo a compreender as diversas doenças que poderão afectar o pulmão e para ajudar a mantê-lo saudável, devemos estar familiarizados com o aspecto e com o funcionamento normal dos pulmões.

Última atualização 14/04/2023
This content is available in multiple languages.

Qual o funcionamento normal dos pulmões?


O tórax contém dois pulmões, um no lado direito e o outro no lado esquerdo. Cada pulmão é constituído por lobos. Os pulmões são macios e estão protegidos pela caixa torácica. O objectivo dos pulmões é transportar oxigénio para dentro do corpo e eliminar o dióxido de carbono. O oxigénio é o gás que nos fornece energia, enquando que o dióxido de carbono é o resíduo que eliminamos do corpo.

Como entra o ar nos pulmões?


Para que seja possível transportar oxigénio para dentro do corpo, o ar é respirado através do nariz, boca ou ambos. O nariz é o trajecto preferido, uma vez que é um melhor filtro de ar do que a boca, diminui a quantidade de irritantes que chegam aos pulmões e também aquece e humidifica o ar que respiramos. No entanto, quando necessitamos de uma grande quantidade de ar, o nariz não é a maneira mais eficiente de fazer chegar o ar aos pulmões, por isso, neste caso deveremos utilizar a boca para respirar. A respiração através da boca é muito utilizada durante a prática de exercício físico. Após a entrada de ar através da boca ou do nariz, este desloca-se através da traqueia (tubo que liga a boca aos pulmões). A traqueia é um tubo que acompanha o pescoço e atrás desta encontra-se o esófago (tubo que liga a boca ao estômago). Quando inspiramos, o ar desloca-se através da traqueia, e quando comemos, a comida desloca-se através do esófago. O trajecto que o ar e a comida fazem é controlado pela epiglote. A epiglote funciona como uma “tampa” que impede a passagem de comida para a traqueia. Ocasionalmente, comida ou líquido poderão entrar na traqueia, resultando em engasgamento ou tosse.

A traqueia divide-se em dois tubos respiratórios, os brônquios principais, o esquerdo e o direito. Os brônquios principais, por sua vez, dividem-se em tubos mais pequenos chamados bronquíolos e os bronquíolos terminam em pequenos sacos de ar designados de alvéolos.

Os alvéolos são cavidades minúsculas em forma de balão que se juntam para formar pequenas aglomerações, semelhantes a uvas, e que estão ligados a canais respiratórios minúsculos. Isto permite colocar uma grande superfície de cerca de 50 a 100 metros quadrados no volume limitado da caixa torácica. Esta grande superfície facilita muito a troca de oxigénio entre o ar e o sangue.

Normalmente, existem mais de 300 milhões de alvéolos nos pulmões e se fosse possível ligar todos os alvéolos existentes nos pulmões, estes teriam uma superfície superior a dois campos de ténis. Os alvéolos não são todos utilizados ao mesmo tempo, assim o pulmão tem reservas para o caso de ocorrer alguma eventualidade, como uma doença, infecção ou cirurgia.

O que sabemos sobre o oxigénio e o dióxido de carbono?


À volta de cada alvéolo existem pequenos vasos sanguíneos ou capilares. É nos capilares que o oxigénio, que viajou através das vias aéreas(traqueia, brônquios e bronquíolos) até ao alvéolo, entra na corrente sanguínea. O dióxido de carbono, que são os resíduos eliminados pelo corpo sob a forma de gás, troca de lugar com o oxigénio passando da corrente sanguínea para o alvéolo. De seguida o dióxido de carbono é exalado/ eliminado através dos pulmões. Para que o nosso corpo funcione na perfeição, o oxigénio deverá entrar na corrente sanguínea e o dióxido de carbono deverá ser eliminado da mesma, a um ritmo constante.

Os pulmões também têm vasos sanguíneos que põem o sangue pouco oxigenado em contacto com os alvéolos para captar oxigénio e libertar dióxido de carbono. O sangue que captou o oxigénio dos pulmões regressa ao lado esquerdo do coração, que bombeia este sangue rico em oxigénio (chamado sangue arterial) para o organismo. Após levar o oxigénio às células do organismo (tecidos, órgãos, etc.), é chamado sangue venoso, que regressa ao lado direito do coração. O sangue venoso contém quantidades elevadas de dióxido de carbono e quantidades baixas de oxigénio. O sangue venoso é bombeado para os pulmões pelo lado direito do coração, para se libertar do dióxido de carbono e captar oxigénio.

Quais os músculos utilizados na respiração?


São diversos os músculos que participam na respiração, o maior e mais eficiente de todos é o diafragma. O diafragma é um músculo grande e largo que se encontra debaixo dos pulmões e separa-os dos orgãos abdominais, como o estômago, os intestinos, o fígado, etc. Quando o diafragma contraí, desloca-se para baixo (achatamento) e as costelas deslocamse para fora, permitindo a expansão dos pulmões, que se enchem de ar. A este processo dá-se o nome de inspiração. Quando o diafragma relaxa, volta à sua posição original, e o ar desloca-se para fora dos pulmões. A este processo dá-se o nome de expiração. Os pulmões, tal como os balões, requem energia para se encherem de ar, mas a saída de ar é passiva, não requer energia.

Os restantes músculos da respiração estão localizados entre as costelas e alguns extendem-se do pescoço às costelas superiores. O diafragma, os músculos intercostais e o escaleno (músculo do pescoço) estão envolvidos em cada respiração. Se necessitarmos de ajuda na expansão dos pulmões, é possível recrutar outros músculos acessórios da respiração, no pescoço e ombros.

Como se protegem os pulmões


Os pulmões possuem vários mecanismos para se proteger de irritantes. Na primeira linha temos o nariz, que actua como filtro durante a inspiração, impedindo a entrada de grandes partículas de poluentes nos pulmões. Se um irritante entrar no pulmões, ficará preso na fina camada de muco que reveste a parte interior das vias respiratórias. Uma média de 70 gramas de muco são excretadas, por dia, para revestir e proteger as vias aéreas. O muco é “arrastado” para a boca através dos cílios, que são pequenos pêlos que revestem as vias respiratórias. Os cílios deslocam o muco dos pulmões através da garganta até à epiglote. A epiglote, que funciona como uma “tampa”, abre e permite que o muco seja ingerido. Este processo ocorre sem que tenhámos consciência disso. Expelir muco (expectorar) não é um processo normal e apenas ocorre se o indíviduo sofrer de bronquite crónica ou duma infecção respiratória, como por exemplo, gripe, pneumonia ou exacerbação de doença pulmonar obstructiva crónica(DPOC). As partículas pequenas que são depositadas nos alvéolos não são removidas da mesma forma porque os alvéolos não têm cílios. Essas partículas são ingeridas por células imunitárias ameboides chamadas macrófagos. Outras células do sangue, como os leucócitos, também participam na defesa do pulmão contra micróbios e corpos estranhos.

Outro dos mecanismos de protecção pulmonar é a tosse. A tosse, apesar de frequente, também não é normal e resulta da irritação dos brônquios. A tosse consegue expulsar o muco dos pulmões mais rapidamente do que os cílios. O último dos mecanismos de protecção pulmonar pode, além de proteger os pulmões, causar problemas. As vias aéreas nos pulmões estão rodeadas por bandas de músculo. Quando os pulmões estão irritados, estas bandas musculares ficam mais espessas, tornando as vias aéreas mais estreitas enquanto o pulmão tenta expulsar o irritante. O rápido espessamento das bandas musculares é designado de broncospasmo.

Alguns pulmões são muito sensíveis a irritantes. Os broncoespasmos podem causar problemas sérios a pessoas com DPOC e são frequentemente um grande problema para pessoas com asma, pois é mais difícil respirar através de vias aéreas estreitas.

Esta informação foi retirada dos ATS/ERS Standards for the Diagnosis and Treatment of Patients with COPD (http://www.ersnet.org/COPD).