Sarcoidose

Este folheto informativo é sobre sintomas, diagnóstico e tratamento da sarcoidose. Também explica de que forma a sarcoidose afeta as pessoas. Destina-se a qualquer pessoa afetada pela doença, quer tenha sido recentemente diagnosticada, ou viva com esta doença há muito tempo. Uma vez que os pulmões são o órgão mais frequentemente afetado, este folheto informativo é principalmente sobre a sarcoidose pulmonar). Pode saber mais sobre a forma como a sarcoidose afeta outros órgãos, através das ligações de Internet incluídas na secção Informações adicionais.

Última atualização 09/04/2024
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O que é a sarcoidose?


A sarcoidose é uma doença inflamatória. Nas pessoas com sarcoidose formam-se manchas de tecido inchado e vermelho (granulomas) no corpo. Estes granulomas são feitos de células inflamatórias que se agrupam. A causa destes granulomas é ainda desconhecida.

A sarcoidose afeta muitos órgãos do corpo, mas os pulmões são os mais frequentemente afetados. Também pode afetar a pele, os olhos, o coração, os músculos, as articulações, os ossos, o fígado, os rins e o cérebro (entre outros). Os médicos da área (pneumologistas) estão frequentemente envolvidos no diagnóstico e na gestão desta doença.

Muitas pessoas com sarcoidose não necessitam de tratamento e a doença pode desaparecer por si mesma. Existem tratamentos que podem ajudar a abrandar a doença e a melhorar os sintomas. No entanto, atualmente não existe nenhum tratamento disponível para curar esta doença.

A sarcoidose é uma doença rara e não se sabe ao certo quantas pessoas têm sarcoidose. Isto deve-se ao facto de muitas pessoas provavelmente não saberem que a têm e, por vezes, poder ser confundida com outras doenças. O número de casos varia de país para país, com cerca de 2 a 40 pessoas afetadas por cada 100 000. Os cientistas estimam que 344 000 pessoas são diagnosticadas todos os anos a nível mundial.

Qual a causa da sarcoidose?


Os cientistas não sabem qual é a causa da sarcoidose, mas existe investigação em curso para tentar responder a esta questão. O que sabemos é que:

  • A sarcoidose não é infeciosa (não a poderá apanhar nem transmitir a outra pessoa).
  • A sarcoidose não é uma forma de cancro.
  • A sarcoidose é hereditária, mas existe apenas uma probabilidade de 5 a 10% de alguém da sua família vir a ter a doença.

A maior parte das pessoas com sarcoidose fica melhor sem um tratamento específico no espaço de 12 a 18 meses e continua a viver vidas normais. Isto deve-se ao facto de o sistema imunitário do corpo conseguir curar a doença ao longo do tempo. Por vezes, por razões que são desconhecidas, o sistema imunitário não cura os granulomas e formam-se cicatrizes (fibrose). Isto pode resultar em lesões na parte afetada do corpo, que requerem tratamento e monitorização a longo prazo.

Quais são os sintomas e como é diagnosticada?


Diagnosticar sarcoidose pode ser difícil. Os sintomas são muito variados e nenhum teste específico permite fazer um diagnóstico definitivo desta doença. Os sintomas mais comuns são:

  • Tosse seca
  • Falta de ar
  • Dor torácica
  • Fadiga
  • Uma doença tipo gripe com febre, cansaço e dores articulares
  • Uma irritação cutânea vermelha e dolorosa, normalmente nos braços ou nas pernas
  • Irritação ocular e dificuldades de visão
  • Glândulas inchadas, que se podem sentir no pescoço ou em redor da face

As pessoas com sarcoidose dizem-nos que dificuldades de concentração e em lembrar- se de factos também podem ser sintomas. Pode levar muito tempo aos médicos para fazerem o diagnóstico, pois têm de excluir outras doenças que se assemelham com a sarcoidose, e não há duas pessoas com os mesmos sintomas. Este pode ser um processo muito lento e frustrante para as pessoas que queiram saber o que se passa com elas. Por vezes, a sarcoidose é descoberta por acaso, por exemplo quando é feito um raio-X ao tórax por outros motivos.

Normalmente, os testes para a sarcoidose incluem:

  • Um raio-X ao tórax para saber se os pulmões e as glândulas linfáticas (parte do sistema imunitário) estão afetados.
  • Análises ao sangue, incluindo a função hepática e renal, cálcio e outros valores sanguíneos do sistema imunitário. Isto pode incluir o nível de ECA (Enzima de Conversão da Angiotensina) que pode estar mais elevado em alguém com sarcoidose.
  • Testes para saber a gravidade da doença, e que partes do corpo estão afetadas, como:
    – Função cardíaca (ECG)
    – Testes de função pulmonar (espirometria, transferência alvéolo-capilar por
    “single breath”) Consulte o folheto informativo da ELF sobre espirometria
    – Examinação ocular

No entanto, um ECA ou raio-X ao tórax normais, não excluem a sarcoidose, tal como um nível de ECA elevado não diagnostica a sarcoidose. Dependendo dos seus sintomas, os médicos podem decidir realizar mais testes. Estes podem incluir testes laboratoriais, testes à urina, ultrassom ao coração (ecografia), um exame ao cérebro (ressonância magnética) ou um exame ao tórax (TAC).

Muitas vezes, os médicos precisam de amostras de tecido ou biópsias para confirmar o diagnóstico. Estas amostras são geralmente retiradas das glândulas nos pulmões, tecido pulmonar, glândulas do pescoço ou tórax, ou da pele. Quando necessária, a biópsia é geralmente realizada com anestesia local.

“Pode ser difícil para os doentes, pois vivemos constantemente com dúvidas sobre diferentes sinais e sintomas que ocorrem, e não sabemos se estão relacionados com a doença ou não.”

(citação de doente)

Como serei tratado?


O seu médico falará consigo sobre a necessidade ou não de tratamento e sobre as opções que existem. Muitas pessoas não necessitam de tratamento, e basta serem monitorizadas regularmente. Existem alguns medicamentos diferentes utilizados para tratar a sarcoidose, que funcionam muitas vezes em reduzir os sintomas. Por vezes, os medicamentos para a sarcoidose tratam apenas uma parte do corpo, como gotas para os olhos ou cremes para a pele.

Outros medicamentos tratam todo o corpo a partir do seu interior e podem ser especialmente úteis para tratar granulomas nos pulmões, cérebro e coração – incluindo:

  • Prednisolona e prednisona (esteróides) – os medicamentos mais comumente usados para a sarcoidose.
  • Metotrexato e azatioprina são frequentemente utilizados para ajudar as pessoas a retirar a prednisolona (conhecido como “medicamento poupador de corticosteroides”).
  • Infliximab e medicamentos semelhantes podem, por vezes, funcionar quando a prednisolona ou os medicamentos poupadores de corticosteroides não funcionam.

A sarcoidose reage muito bem a esteroides, mas estes não curam a doença. A sarcoidose pode piorar novamente após a interrupção da toma de esteroides. Os esteroides também podem causar efeitos secundários, como aumento de peso, diabetes, diminuição da densidade óssea (osteoporose) e da pele, e alterações de humor. Outros medicamentos podem ter outros efeitos secundários É importante falar com o seu médico sobre os riscos e os benefícios de qualquer tratamento que lhe seja prescrito.

Se começar um tratamento com esteroides, o seu médico ajudá-lo-á a encontrar a menor dose possível que possa controlar os seus sintomas, diminuindo gradualmente a dose ao longo do tempo. Se não for possível reduzir, poderá ser adicionado um segundo medicamento como metotrexato ou azatioprina.

A monitorização da sua condição dependerá do modo como a sarcoidose o afeta. A maior parte das pessoas é vista aproximadamente a cada 3 meses durante os primeiros 2 anos.

Para além da medicação, poderá ser oferecido outro tipo de apoio como exercício, reabilitação respiratória e apoio psicológico. Fale com o seu médico sobre as opções que o podem ajudar.

De que forma progride a sarcoidose?


A maior parte das pessoas diagnosticadas com sarcoidose fica melhor sem tratamento específico e continua a viver uma vida normal. Mas cerca de 1 em 4 terá sintomas crónicos a longo prazo que exigem tratamento contínuo.

Vida diária e apoio


Viver com sarcoidose pode afetá-lo tanto emocionalmente como fisicamente. As pessoas têm vindo a descobrir que tem um impacto significativo em todos os aspetos das suas vidas. Isto poderá dever-se à fadiga, dores crónicas, problemas em dormir, dificuldade em trabalhar normalmente e depressão. Muitos destes efeitos não melhoram muito com o tratamento.

Ter sarcoidose é diferente para cada pessoa. É importante que receba o apoio que precisa. Pode falar com o seu médico sobre:

  • Como se sente (física e mentalmente).
  • Outros tipos de apoio (incluindo apoio psicológico e ajuda para deixar de fumar).
  • Como manter a sua qualidade de vida.
  • Melhorar a sua dieta e níveis de atividade física.

Lembre-se que não está sozinho no que está a passar. Existem organizações de doentes e grupos de apoio onde pode encontrar mais informação. Consulte a secção Informações Adicionais.

“Exames, testes e avaliações são cruciais no tratamento, mas o meu bem-estar e qualidade de vida determinam o quanto sofro devido à sarcoidose. E isso é a coisa mais importante.”

(citação de doente)

Informações adicionais


  • Website da ELF: www.europeanlunginfo.org/sarcoidosis ligações de Internet para obter mais informações, incluindo websites de organizações nacionais de doentes na sua própria língua
  • World Association of Sarcoidosis and Other Granulomatous Disorders (WASOG): www.wasog.org. Adota uma abordagem multidisciplinar relativamente a doenças pulmonares intersticiais, incluindo a sarcoidose, e junta profissionais de saúde e doentes através de informação, educação e investigação.

 

Agradecemos ao Professor Bob Baughman, ao Professor Michael Kreuter, à Dra. Marlies Wijsenbeek e aos membros do grupo de aconselhamento de doentes com sarcoidose da ELF que ajudaram a elaborar este folheto informativo. Produzido em junho de 2020.