Cancro do pulmão

O cancro do pulmão é um cancro da traqueia, das vias respiratórias (brônquios) ou das bolsas de ar dos pulmões (alvéolos). Esta página analisará especificamente os dois principais tipos de cancro do pulmão que ocorrem com mais frequência. 

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Os dois principais tipos de cancro do pulmão são 

Cancro pulmonar de células não pequenas (CPCNP), que normalmente é responsável por 80 em cada 100 casos de cancro do pulmão (ou 80%). As formas mais comuns de CPCNP são o adenocarcinoma e o carcinoma de células escamosas. As formas mais raras são abordadas no nosso folheto informativo sobre cancros pulmonares raros. 

Cancro pulmonar de pequenas células (CPPC). Cerca de 20 em cada 100 casos de cancro do pulmão são CPPC. 

As informações sobre o mesotelioma são abordadas noutra página. Este é um tipo de cancro que cresce no revestimento à volta dos pulmões e, geralmente, é causado pela inalação de poeira de amianto. Leia mais sobre o mesotelioma e outras doenças pulmonares profissionais. 

 

Existem subtipos adicionais de cancro do pulmão que não ocorrem com muita frequência e são considerados ‘raros’.

Fatores de risco


Embora o tabagismo esteja associado a mais de 80% de todos os casos de cancro do pulmão, as pessoas que nunca fumaram ou que nunca foram expostas ao tabagismo passivo podem desenvolver cancro do pulmão. Consulte as nossas informações sobre os fatores de risco relativos ao tabagismo e ao tabagismo passivo. 

Outras causas incluem a exposição a: 

  • Poluição do ar (incluindo fumos de combustão do gasóleo) 
  • No trabalho (a amianto, serradura, fumos de solda, arsénico, metais industriais, por ex., berílio e crómio) 
  • À poluição do ar no interior (a rádon, fumo de carvão) 

Poderá haver outras causas e provavelmente serão descobertas mais no futuro. Ter as seguintes doenças também pode aumentar o seu risco de desenvolver cancro do pulmão: 

  • Doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) e enfisema 
  • Fibrose pulmonar 
  • Cancro da cabeça, e pescoço, bem como cancro do esófago (partilham os mesmos fatores de risco do tabagismo) 
  • Linfoma ou cancro da mama (tratados com radioterapia torácica) 
  • Recetores de transplante de pulmão  
  • Os genes também podem desempenhar um papel em determinados cancros do pulmão. Se existir um histórico familiar de cancro do pulmão, pode ter mais propensão a desenvolver a condição, mas esta situação não é igual para toda a gente. 

Sintomas


Os sinais e sintomas mais frequentes do cancro do pulmão são: 

  • Tosse crónica (que dura mais de 3 semanas) 
  • Tossir sangue, ou vestígios de sangue, na expetoração 
  • Perder peso sem motivo 
  • Ficar sem fôlego sem motivo 
  • Não ter fome 
  • Fadiga 
  • Dor no tórax 
  • Dor nos ossos 
  • Dor no ombro 
  • Inchaço no pescoço 
  • Fraqueza muscular 
  • Rouquidão (voz fraca, áspera ou cansada) 
  • Estridor (pieira aguda devido a um bloqueio nas vias respiratórias) 
  • Dedos das mãos e dos pés com formato quadrado (inchados). 

Os sintomas iniciais muitas vezes não são detetados, uma vez que estão relacionados com outras doenças mais comuns. Algumas pessoas não apresentam sintomas nenhuns. Quando o cancro do pulmão é detetado precocemente, existem mais opções de tratamento disponíveis. Consulte o seu médico se tiver alguma preocupação, particularmente se estiver numa situação de maior risco – consulte a secção “Fatores de risco”. 

Rastreio do cancro do pulmão

O rastreio do cancro do pulmão é o processo de utilização de testes para detetar a doença numa fase inicial, antes da presença dos sintomas. 

Diagnóstico


“Quando o médico diz a alguém que essa pessoa tem cancro do pulmão, irá verificar que é quase impossível a pessoa conseguir absorver mais qualquer tipo de informação. Pode ser bom ter um cuidador ou alguém a acompanhá-lo, para que essa pessoa possa ser os seus ouvidos.” 

Dan, Ireland, cuidador 

Normalmente, o processo de diagnóstico do cancro de pulmão é o seguinte: uma radiografia e uma tomografia computadorizada (TC) (em que o corpo é radiografado em vários ângulos antes de um computador montar uma imagem detalhada) do tórax são realizadas primeiro para verificar se existe um tumor pulmonar. O médico pode confirmar o diagnóstico de cancro através da colheita de algumas amostras das células do tumor e testá-las (a isto chama-se biópsia). 

Uma biopsia pode fazer-se de muitas formas, a maioria das quais em ambulatório (não fica internado): 

  • Através de uma câmara que entra nos pulmões, chamada broncoscopia. Trata-se de um tubo flexível que tem uma câmara de vídeo na ponta (chamado broncoscópio). O tubo é inserido através do nariz ou da boca. É-lhe administrado um sedativo para relaxar e um spray para anestesiar a garganta. Consulte o nosso folheto informativo sobre broncoscopia para obter mais informações.
  • Ecografia endobrônquica (EBUS) – este procedimento é semelhante a uma broncoscopia. Obroncoscópio é equipado com uma pequena sonda de ultrassons para ajudar a guiar o médico até àárea certa para colher uma amostra. Esta área é geralmente a área entre os dois pulmões onde ficam as glândulas (chamada mediastino). 
  • Biópsia guiada por TC (onde passa pelo tomógrafo e as imagens de radiografias guiam o médico até àárea certa). 
  • Biópsia guiada por US (ultrassom) (em que o médico utiliza um dispositivo de ultrassons para identificar a área certa e insere uma agulha para fazer uma biópsia. É utilizado um anestésico local para adormecer a área onde a agulha será inserida) 
  • Cirurgia – na qual um cirurgião obtém uma biópsia geralmente da forma menos invasiva possível. Isto é, com recurso a um toracoscópio, uma incisão tradicional ou um robô. O procedimento é realizado sob anestesia geral e um dreno torácico permanece no local durante algumas horas ou, em certos casos, dias para reexpandir o pulmão. 

Descobrir em que estádio se encontra o cancro do pulmão 

Se o médico acreditar que tem cancro de pulmão, solicitará alguns exames para verificar até que ponto o cancro se propagou. Os testes de estadiamento também fornecem informações úteis sobre o melhor local onde recolher uma amostra de tecido. O estágio do cancro do pulmão é um dos fatores que ajudarão os profissionais de saúde a decidir sobre o melhor tipo de tratamento a oferecer. Este processo chama-se estadiamento e pode envolver um exame CT por tomografia de emissão de positrões (PET). Ou seja, quando uma TAC é combinada com uma PET, o que envolve uma pequena quantidade de corante radioativo a ser injetada nas veias para mostrar qualquer anomalia nos tecidos. Ou pode envolver mais TACs da área do estômago (abdómen) e do cérebro, bem como um cintigrama ósseo, consoante a disponibilidade dos testes. Em determinadas ocasiões raras, o médico pode sugerir que faça uma biópsia dos gânglios linfáticos axilares (axilas) e cervicais.  

O médico poderá, assim, dar-lhe informações sobre o estádio em que se encontra o cancro. Isto é baseado no tamanho do tumor, se se espalhou para os gânglios/gânglios linfáticos ou se existem metástases). Este processo de estadiamento é, por vezes, referido como TNM (tumor, nódulo, metástase).  

Ser informado de que tem cancro do pulmão pode ser devastador. Muitas pessoas com cancro do pulmão disseram-nos que poder falar com alguém sem ser da família, como um conselheiro ou psicólogo, pode muitas vezes ajudar. Se achar que isso poderá ser útil para si, fale com o seu médico sobre os serviços que poderão estar disponíveis — veja a secção “Sentimentos” para saber mais. 

Prognóstico


O cancro do pulmão é uma doença grave. Nos últimos anos, tem havido um grande aumento nas opções de tratamento e muito trabalho está a ser feito para ajudar as pessoas a viver mais tempo e com uma melhor qualidade de vida. A maioria das informações de prognóstico é dada em termos de uma “taxa de sobrevivência a5 anos”. Este termo é frequentemente utilizado por profissionais de saúde e refere-se ao número de pessoas que viveram 5 anos ou mais após terem sido diagnosticadas com este tipo de cancro do pulmão. 

É importante lembrar que toda a gente é diferente e que o seu tumor pode não responder ao tratamento da mesma forma que o tumor de outra pessoa. As estatísticas não refletem necessariamente o que lhe vai acontecer. Deve encarar o seu prognóstico como um guia – e discuti-lo com o profissional de saúde.  

“Não olhe apenas para as estatísticas. Uma pessoa não é um número e é muito importante equilibrar toda a informação negativa olhando para sítios da internet positivos, que podem dar-lhe esperança.”

Tom, Reino Unido, pessoa com cancro do pulmão 

Tratamento


“É muito importante que toda a gente tenha esperança desde o momento em que é diagnosticada, e há sempre novos tratamentos a surgir. O tratamento que estou a receber não estava disponível há três anos e agora é antiquado, por isso não percam a esperança.” 

Tom, Reino Unido, doente com cancro do pulmão 

Existem vários tipos diferentes de cancro do pulmão, que requerem uma gama de tratamentos diferentes. O seu plano de tratamento será baseado no tipo e no estádio do cancro do pulmão que tem, no seu estado geral de saúde e nas suas preferências pessoais. Os tratamentos podem centrar-se na cura do cancro do pulmão (tratamentos curativos) ou em ajudar a viver mais tempo e com uma melhor qualidade de vida com o cancro do pulmão (tratamentos paliativos). 

  • Equipas multidisciplinares

    Em determinados países europeus, a decisão de tratar e o tipo de tratamento são discutidos por um painel de especialistas na matéria, chamada multidisciplinar (EM). Uma EM geralmente inclui: 

    • Um pneumologista (especializado na saúde pulmonar) 
    • Um cirurgião torácico 
    • Um médico oncologista 
    • Um radioncologista 
    • Um radioterapeuta 
    • Um patologista (médico que examinará a biópsia e determinará o tipo de cancro) 
    • Um radiologista (especializado em imagiologia pulmonar) 
    • Um especialista em medicina nuclear (especializado em relatórios de TC PET) 
    • Um biólogo molecular  
    • Um médico de cuidados paliativos (especializado em cuidar de pessoas com dor e incapacidade devido ao cancro do pulmão) 
    • Um psicólogo 
    • Um enfermeiro (especializado em cancro do pulmão) 

    As EMs estão a tornar-se mais comuns no tratamento do cancro do pulmão. No entanto, em certos países, não incluirão todos os especialistas aqui mencionados. Se o seu caso for gerido por uma EM, terá normalmente um ou dois profissionais de saúde como principais pontos de contacto, podendo consultar outros profissionais de saúde para tratamentos específicos. 

    Há muitos países onde a decisão de tratar depende de um único médico, geralmente um especialista em saúde pulmonar, muitas vezes chamado de pneumologista, médico respiratório ou respirologista 

  • Cirurgia

    Se estiver em condições de ser submetido a uma cirurgia e se o seu tumor não se tiver espalhado para além dos pulmões, poderá ser-lhe proposta uma operação para remover o tumor. 

    A cirurgia é sobretudo utilizada para tratar o cancro pulmonar de células não pequenas (CPCNP) numa fase precoce. No entanto, se lhe for diagnosticado cancro do pulmão de células pequenas (CPCP) numa fase muito precoce e este não se tiver espalhado, alguns médicos poderão sugerir uma cirurgia. Se o cancro se tiver espalhado, será pouco provável que a cirurgia seja o tratamento ideal para si. 

    Os pulmões são constituídos por diferentes secções ou “lobos”, com três no pulmão direito e dois no pulmão esquerdo. A operação habitual para o cancro do pulmão chama-se “lobectomia”. O cirurgião remove completamente a parte do pulmão (lobo) que contém o cancro e as glândulas à volta do pulmão (gânglios linfáticos) para as quais o cancro se pode espalhar. Às vezes, uma parte menor de um lobo é removida e a isto se chama “segmentectomia” ou “ressecção em cunha”. Ocasionalmente, o pulmão é removido na sua totalidade (pneumonectomia). A extensão da ressecção depende do tamanho do tumor, dos testes respiratórios antes da cirurgia, do estado funcional da pessoa e do estado geral de saúde. 

    Receberá medicação para adormecer (anestesia geral) durante estas operações e ser-lhe-á administrada medicação para a dor após a operação. 

    Antes da cirurgia, poderá receber imunoterapia por quimioterapia ou oral direcionada para diminuir o tumor tanto quanto possível antes da operação. Isto facilita a remoção cirúrgica. Às vezes, a radioterapia também é oferecida antes da cirurgia. 

    Têm sido desenvolvidas novas técnicas cirúrgicas para tentar remover o cancro. Estas são menos invasivas, o que significa que os tecidos sofrem menos danos durante a cirurgia. Isto inclui um tipo de cirurgia guiada conhecida como cirurgia torácica videoassistida (VATS), na qual uma pequena câmara de vídeo e instrumentos são colocados através de pequenos cortes no peito para orientar o cirurgião durante a operação. O tempo de recuperação para a cirurgia guiada é mais rápido, por isso pode ser uma possibilidade para mais pessoas. 

    Alguns centros oferecem cirurgia robótica, em que uma pequena câmara de vídeo e vários instrumentos são colocados através de várias pequenas incisões no tórax e estes são geridos por um dispositivo robótico que, por sua vez, é guiado pelo cirurgião. Neste caso, o cirurgião não tem contacto direto com o tórax, faz a gestão através do dispositivo robótico. Esta abordagem ainda não é um padrão de tratamento, mas pode ser oferecida por alguns centros.  

    A cirurgia nem sempre é a melhor opção para toda a gente – pode ser melhor tratar o seu cancro do pulmão com terapia sistémica (quimioterapia, imunoterapia, agentes direcionados ou combinações), dependendo muitas vezes do local onde o tumor se encontra e do estádio do cancro. O profissional de saúde falará consigo sobre as opções de tratamento. 

  • Quimioterapia

    A quimioterapia (também chamada “quimio”) usa medicamentos para tratar o cancro. Esta atua para abrandar o crescimento do tumor e para matar as células cancerígenas de outras partes do corpo. 

    Os medicamentos podem ser administrados ao longo de diferentes períodos e injetados diretamente numa veia ou através de um gotejamento intravenoso ou bomba. Alguns também são administrados por via oral (pela boca), sob a forma de um comprimido. Geralmente, a quimioterapia recebe-se em ambulatório no hospital a cada 3 ou 4 semanas. 

    A maioria dos medicamentos quimioterápicos causa efeitos colaterais, sendo as náuseas e os enjoos os mais comuns. Ser-lhe-ão prescritos medicamentos contra as náuseas para ajudar a controlar os sintomas. Outros efeitos secundários podem incluir perda de cabelo (volta a crescer após o fim do tratamento), sensação de maior cansaço do que o habitual, perda de apetite ou alterações no paladar. Estão disponíveis medicamentos para ajudar a tratar estes efeitos secundários.  

    A quimioterapia afeta as pessoas de maneiras diferentes, por isso, é difícil dizer como pode ser afetado com antecedência. Muitas pessoas são capazes de continuar com as suas atividades normais durante o tratamento. 

    Tal como os doentes com diferentes tipos de cancro do pulmão respondem de forma diferente à cirurgia, é possível adaptar a quimioterapia em função do tipo de tumor que uma pessoa tem. 

    À medida que os especialistas foram compreendendo melhor a biologia do cancro do pulmão, também foram capazes de desenvolver novos medicamentos que visam tipos específicos de cancro. Estas são chamadas terapias biológicas ou terapias direcionadas. 

    Dependendo do seu tipo de cancro do pulmão, a biópsia será submetida a mais testes para ver se pode beneficiar de uma terapêutica direcionada específica.  

  • Terapias direcionadas e imunoterapias

    As terapias direcionadas para tipos específicos de cancro do pulmão apresentam-se sob a forma de comprimidos, por exemplo, inibidores do EGFR (recetor do fator de crescimento epidérmico) ou inibidores daALK (quinase do linfoma anaplásico). Estes medicamentos trabalham para bloquear o crescimento de células cancerígenas e podem controlá-lo durante muito tempo. O doente toma os comprimidos em casa, em vez de ter de se deslocar a uma clínica como faria para fazer um tratamento de quimioterapia ou radioterapia. As terapias direcionadas tendem a ter menos efeitos secundários do que outros tipos de tratamento. 

    Nem toda a gente beneficiará de terapias direcionadas, uma vez que tal depende do tipo de tumor que tem. Oacesso a estes medicamentos pode também depender das recomendações do seu próprio país para otratamento do cancro do pulmão e do financiamento pelos sistemas nacionais de saúde. 

    A imunoterapia (um tipo de terapia biológica) é uma abordagem de tratamento que funciona ao melhorar onosso sistema imunitário natural para combater cancros. 

    Para saber se o seu tipo de cancro do pulmão pode ser tratado com uma terapia direcionada, necessitará de um teste de diagnóstico molecular. Estes testes analisam os marcadores biológicos numa amostra de tecido do tumor e ajudam a descobrir mais informações sobre se um determinado medicamento ou tratamento direcionado poderá funcionar consigo. Uma biópsia líquida que analisa as alterações moleculares no sangue também pode ser utilizada para orientar a terapia em casos específicos. 

    Este teste pode ser realizado no momento do diagnóstico ou numa fase posterior do tratamento. Fale com o seu médico especialista para saber se o teste molecular é uma opção para si. 

  • Radioterapia

    A radioterapia pode ser oferecida como tratamento independente, após a cirurgia ou em combinação com a quimioterapia. Existem muitas formas diferentes de radioterapia, que utilizam diferentes técnicas, doses e horários.  

    Se o tumor estiver numa fase precoce e não puder ser operado (se os pulmões não estiverem a funcionar tãobem como deveriam ou se tiver outras doenças significativas que aumentem o risco de cirurgia), poderá receber uma radioterapia moderna chamada SABR (radioterapia estereotáxica ablativa). Esta é quase tão eficaz como a cirurgia e também reduz os danos causados nas áreas à volta do tumor. 

    A radioterapia utiliza raios X de alta energia para destruir as células cancerígenas. Normalmente, este tratamento é administrado diariamente, 5 dias por semana, durante cerca de 6 semanas. 

    Não precisa de anestesia e o tratamento é administrado com o doente deitado numa marquesa enquanto a máquina que emite a radiação (um acelerador linear) se desloca à volta em diferentes ângulos. 

    Os efeitos secundários a curto prazo podem incluir inflamação cutânea (inchaço e dor), dor de garganta e dificuldade em engolir, tosse e falta de ar. A maioria das pessoas não tem quaisquer efeitos secundários a longo prazo, embora algumas pessoas possam ficar com inchaço e dor nos pulmões (pneumonite por radiações), que se trata com esteroides. 

    Se foi submetido a uma cirurgia para remover o tumor, também poderá receber radioterapia como tratamento adicional após a cirurgia, de modo a garantir que as células cancerosas restantes são eliminadas. 

    Às vezes, a radioterapia também é prescrita para ajudar com os sintomas, como o tratamento de obstruções na traqueia para facilitar a respiração. Este tipo de radioterapia é o tipo mais habitual e não é tão direcionado como outras formas de radioterapia. É, normalmente, oferecido como tratamento autónomo ou em combinação com a quimioterapia. Em certos casos, poderá ser prescrita radioterapia para tratar áreas fora dos pulmões, como o cérebro ou os ossos, caso a doença se tenha espalhado. 

  • Cuidados paliativos

    Os cuidados paliativos (também chamados de cuidados de apoio) visam melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas por doenças graves, como o cancro do pulmão, e a dos seus familiares. 

    Os cuidados paliativos não curam a doença, mas podem reduzir e tratar os sintomas e efeitos secundários sentidos. São oferecidos juntamente com outros tratamentos.  

    Às vezes, os cuidados paliativos podem ser minimamente invasivos, incluindo o tratamento de obstruções das vias aéreas com stents ou laser através de um broncoscópio. 

    O acesso aos serviços de cuidados paliativos pode ajudar as pessoas afetadas pelo cancro do pulmão a viver as suas vidas da melhor forma possível. 

    Poderá ter acesso aos cuidados paliativos em qualquer fase, a partir do diagnóstico, podendo proporcionar um alívio da dor, náuseas e outros sintomas, além de oferecer apoio e conforto às pessoas afetadas pelo cancro do pulmão. Implicam cuidar das necessidades físicas, emocionais e espirituais das pessoas da melhor maneira possível. 

    Os cuidados paliativos podem ser prestados em muitos contextos, como hospitais, comunidades ou centros de dia. Descobrir que apoio de cuidados paliativos está disponível para si poderá ser útil para tomar decisões sobre como os cuidados que deseja agora e no futuro. 

    Fale com qualquer dos seus profissionais de saúde. Faça perguntas e conte-lhes sobre quaisquer preocupações que tenha agora e no futuro. Também pode conversar com a sua família e amigos. Se souberem como se sente, poderão dar mais apoio. 

    “O facto de estar a ser seguida pelo centro de cuidados paliativos de dia ajudou-me muito na minha falta deare agora também estou muito melhor das dores. Conversar com a enfermeira responsável pelos cuidados paliativos ajudou-me a ver que ainda tenho muita vida em mim e agora aguardo com expectativa cada novo dia.”

    Mary, Irlanda, doente com cancro do pulmão 

     

Ensaios clínicos 

Os ensaios clínicos são uma forma de investigação que ajuda a avaliar o quão bem os medicamentos funcionam para diferentes pessoas. Frequentemente, incluem potenciais novos tratamentos e podem ser umaforma de tratamento, particularmente quando outros tratamentos convencionais não são uma opção.  

Estão a decorrer muitos ensaios clínicos para o cancro do pulmão na Europa. Fale com os profissionais de saúde se quiser saber mais sobre como participar num ensaio. Pode encontrar mais informações nas ligações abaixo: 

Viver com cancro do pulmão


 Sentimentos 

“Em grande parte, distanciei-me das minhas emoções: havia ansiedade, mas não deixei que se notasse. Estava emocionalmente suspensa, congelada, concentrada no que tinha de ser feito. Não chorei, porque achei que assim que começasse não ia conseguir parar.”

Margaret, Reino Unido, pessoa com cancro do pulmão 

Ter cancro do pulmão pode afetá-lo tanto emocionalmente como fisicamente. Pode verificar que tem sentimentos negativos, perturbadores e confusos.

É importante lembrar-se de que não está sozinho naquilo por que está a passar. Há muitos grupos de apoio online e presenciais para pessoas na sua situação, onde pode conversar e ouvir as experiências de outras pessoas com cancro do pulmão e estabelecer o seu próprio grupo de apoio. Consulte a secção de apoio na página da internet de prioridades do doente com cancro do pulmão.

Pode ser útil falar com os seus amigos e familiares sobre a forma como se sente. Este também é um momento difícil para eles, e os sentimentos deles podem ser semelhantes ou diferentes dos seus.

Também pode ser útil falar com um conselheiro ou psicólogo para obter alguma ajuda ao lidar com os seus sentimentos. Às vezes é mais fácil falar com um estranho (ou pode dar-se o caso de não ter amigos e familiares por perto para o apoiar). Um conselheiro/ psicólogo pode proporcionar-lhe espaço para falar e pensar sobre como se sente.

Peça ao seu médico que lhe dê alguma orientação quanto a lidar com os seus sentimentos e pergunte-lhe se há algum acesso a apoio psicológico

“Saboreie cada dia. Eu estava sempre a trabalhar demasiado, mas agora que a fadiga me obrigou a abrandar, estou a passar mais tempo com a minha família. Também tenho noção de que os meus níveis de energia podem cair, portanto estou muito mais ciente de ter períodos de repouso durante o dia.”

Tom, Reino Unido, pessoa com cancro do pulmão 

Tanto as pessoas que têm experiência com o cancro do pulmão como os profissionais de saúde recomendam que, após um diagnóstico de cancro do pulmão, ou durante o tratamento, tente continuar a viver a sua vida tal como era antes, o melhor que possa. Há muitas coisas que pode fazer para se ajudar a si mesmo diariamente: 

Deixar de fumar 

Se lhe foi diagnosticado cancro do pulmão e fuma, deixar de fumar pode melhorar o seu prognóstico equalidade de vida. 

Coma uma dieta saudável

Tente seguir uma dieta que o ajude a manter um peso saudável e que lhe forneça todos os nutrientes de que o seu corpo precisa (proteínas, frutas e legumes). Pode descobrir que certos alimentos agravam os efeitos secundários do seu tratamento – neste caso, tente evitá-los. Fale com o seu profissional de saúde se precisar de aconselhamento sobre isto.

Exercício 

A atividade física mostrou ser muito benéfica para as pessoas com cancro do pulmão em todos os estadios. Tente manter-se tão ativo quanto possível sempre que puder — por exemplo, ir às compras a pé em vez de ir de carro; fazer ioga, ou nadar. O seu médico deve conseguir ajudá-lo a desenvolver um plano personalizado de exercícios. 

Faça as coisas de que gosta 

Tente continuar a fazer as coisas de que gosta, por ex., ir às compras, visitar os amigos, viajar. O objetivo é manter a sua vida tão normal e livre de stress quanto possível. 

A reabilitação pulmonar 

É possível, sobretudo se tiver outros problemas de saúde pulmonar, que lhe seja oferecida reabilitação pulmonar como forma de melhorar a sua robustez física e reduzir o impacto dos sintomas na sua vida. 

A reabilitação pulmonar é um tipo de tratamento que procura reduzir os impactos físicos e emocionais de uma doença pulmonar na vida da pessoa. Trata-se de um programa personalizado que combina o treino físico com formação sobre as diversas formas em que pode ajudar a manter-se tão saudável quanto possível. Para mais informação, consulte o nosso folheto informativo sobre a reabilitação pulmonar, disponível na página da internet da ELF. 

Há alguma evidência de que a reabilitação pulmonar após a cirurgia, para as pessoas tratadas ao cancro do pulmão, é ao mesmo tempo possível e eficaz. Pode ajudar a reduzir a fadiga e permite-lhe lidar com mais exercício.

Lidar com questões práticas  

Poderá também ter de tratar de questões práticas relacionadas com trabalho, finanças e atividades sociais. 

Fazer uma lista de perguntas a colocar ao médico ou especialista poderá ajudar a gerir estes assuntos e descobrir que apoio pode estar disponível para o ajudar. 

“O meu equilíbrio entre a vida e o trabalho tornou-se muito mais importante e tenho muita sorte, porque agora trabalho a tempo parcial e passo muito mais tempo com a minha família. Continua a ser preciso pagar as contas, no entanto, e encontrei uma solução de compromisso feliz.”

Tom, Reino Unido, pessoa com cancro do pulmão 

Mitos sobre o cancro do pulmão


Com tanta informação na Internet, às vezes é difícil encontrar a verdade. Aqui estão os nossos 5 principais mitos sobre o cancro do pulmão desmascarados.

“Ser diagnosticado com cancro do pulmão é uma sentença de morte”

Os avanços científicos significam que surgem novos tratamentos constantemente, o que tem ajudado aaumentar a esperança de vida das pessoas com cancro do pulmão. 

O tempo de vida de cada pessoa depende de muitos fatores. 

Se o cancro for detetado suficientemente cedo, poderá ser curável e, mesmo que não seja curável, continuará a ser tratável e com boas taxas de resposta. 

“Só quem fuma tem cancro do pulmão”

Embora o tabagismo seja o maior fator de risco para o cancro, nem todas as pessoas que desenvolvem cancro do pulmão fumaram. 

A exposição ao fumo passivo e a outras substâncias, como a poluição atmosférica (incluindo o gás radão), aumenta o risco. 

O número de pessoas que desenvolveram cancro do pulmão e não fumaram varia em diferentes estudos, com os números a serem de 10% num deles e 28% num estudo recente. 

“Os testes moleculares não são adequados para o meu tipo de cancro do pulmão”

Os testes moleculares podem ajudar a descobrir mais sobre o tipo de tumor do cancro do pulmão que tem eadecidir qual o tratamento com maior probabilidade de funcionar para si (como, por exemplo, terapias direcionadas). 

Se tem CPCNP (cancro pulmonar de células não pequenas), é mais provável que se recomende a realização detestes moleculares. Às vezes, há uma razão pela qual o teste molecular pode não ser adequado para si, por isso, peça ao seu médico para explicar, se for o caso. 

 

“É apenas uma tosse. Para quê preocupar-me?”

Os primeiros sinais de cancro do pulmão são, frequentemente, uma tosse que não desaparece e dispneia. Setiver uma tosse crónica (que dura mais de 3 semanas), consulte um médico. 

“Sou muito novo para ter cancro do pulmão”

O cancro do pulmão é mais comum em pessoas idosas (na faixa dos 60 e 70 anos), mas também pode ocorrer em pessoas numa idade muito mais jovem e é diagnosticado em pessoas de todas as idades. Por exemplo, os tumores carcinoides podem afetar pessoas jovens. 

Recursos úteis


Encontre mais recursos relacionados com o cancro do pulmão, incluindo orientações clínicas, auxiliares à decisão de tratamento e organizações de doentes, recursos e fóruns no seu país.