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Doença pulmonar ocupacional

As doenças pulmonares ocupacionais, ou relacionadas com o trabalho, são doenças que foram causadas ou agravadas pelos materiais a que uma pessoa está exposta no seu local de trabalho.

O impacto destas doenças está subestimado devido a subnotificação. Por exemplo, é mais provável que a doença ocupacional ocorra nos idosos, que já não estão a trabalhar mas cuja doença se deve à sua ocupação anterior.

Última atualização 13/07/2023
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Doenças


ASMA

A asma é a doença pulmonar mais frequente relacionada com o trabalho. Estima-se que uma em sete exacerbações graves da asma estejam relacionadas com exposições relacionadas com o trabalho e pensa-se que as exposições relacionadas com o trabalho sejam responsáveis por cerca de 15% do total de casos de asma no adulto.

Há um número crescente de materiais que foram relacionados com a asma:

  • Proteínas de animais, plantas e mariscos
  • Proteínas fabricadas pelo Homem utilizadas em tecidos, detergentes e colas
  • Agentes metálicos utilizados em fábricas industriais
  • Substâncias químicas sintéticas utilizadas em tintas em spray, espumas e adesivos

Os sintomas de asma já existentes também podem ser agravados pelo ambiente de trabalho, designando-se como “asma agravada pelo trabalho”. Dado o papel importante que os fatores ocupacionais podem desempenhar no desenvolvimento e agravamento da asma, o local de trabalho é uma área importante na qual devemos concentrar-nos para a prevenção da asma.

LESÕES AGUDAS POR INALAÇÃO

Ocorrem devido a um único incidente que resulta numa exposição súbita e de grande dimensão a um determinado material, como por exemplo no caso de um derrame químico, incêndio, explosões de gás ou exposição a grandes quantidades de pó. As complicações na saúde pulmonar também são uma das principais causas de morte nas pessoas que dão entrada no hospital por causa de queimaduras. Estas exposições podem levar a asma e a outras doenças raras, como por exemplo febre pela inalação de vapores metálicos e síndrome de poeiras orgânicas.

Os grupos habitualmente em risco incluem trabalhadores agrícolas, bombeiros e pessoal das Urgências. Investigação realizada na Suécia e na Finlândia verificou que um em cada 10 agricultores tinha sofrido uma lesão aguda por inalação devido à exposição a poeiras.

INFEÇÕES OCUPACIONAIS

Estas infeções ocorrem devido à exposição a bactérias. Incluem:

  • Tuberculose (TB): Os profissionais de saúde que tratam a doença em outras pessoas são o grupo em maior risco
  • Doença do Legionário: Propaga-se habitualmente através de sistemas de ar condicionado e geralmente afeta os funcionários de hotéis e centros de lazer, pessoas que trabalham em cruzeiros e noutras áreas confinadas e com muita gente, como por exemplo as escolas
  • Febre Q: É causada por bactérias que infetam animais de criação, roedores ou gatos e cães, colocando em risco os trabalhadores agrícolas
DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA (DPOC)

A maior parte dos casos de DPOC é causada pelo tabagismo; no entanto, a investigação sugere que entre 15 a 20% dos casos de DPOC são pelo menos parcialmente desencadeados por um determinado material ou agente no ambiente de trabalho.

Isto pode dever-se à exposição a poeiras minerais, gases ou vapores irritantes no ar. Uma acumulação destes materiais pode levar a tosse crónica, bronquite crónica e DPOC. Os mineiros que trabalham no subsolo e os trabalhadores agrícolas são os que se encontram em maior risco de desenvolver a doença.

Na Europa, estimaram-se 39 000 mortes para o ano 2000 em resultado de exposições a poeiras e vapores relacionadas com o trabalho.

DOENÇA PULMONAR INTERSTICIAL

Há várias doenças pulmonares intersticiais raras que estão claramente relacionadas com exposições ocupacionais. Incluem:

amianto ou pó de carvão. O controlo de poeiras no local de trabalho e a ilegalização do amianto nos trabalhos de construção significou que tem havido um declínio destas doenças e que geralmente se encontram em pessoas que sofreram exposição a estas substâncias há muitos anos. Estimou-se um total de 7200 casos de pneumoconiose relacionada com exposição a amianto, sílica e pó de carvão para o ano 2000 na Europa.

Doenças pulmonares relacionadas com metais: A doença pulmonar pode ser causada por exposição a metais, como por exemplo o berílio, utilizados na tecnologia moderna (por ex., engenharia aeroespacial) ou o cobalto, utilizado em ligas e em pilhas. Estas doenças podem muitas vezes confundir-se com outras, como por exemplo a sarcoidose, e é necessário mais trabalho para assegurar que são relacionadas como doenças ocupacionais.

Alveolite alérgica extrínseca: É causada por uma reação alérgica a um agente no ambiente de trabalho que afeta os alvéolos (as pequenas bolsas de ar nos pulmões). As causas são diversas e podem ser de poeiras orgânicas, processamento de madeiras, aves e lojas de alimento para aves ou de produtos hortícolas. As incidências anuais foram estimadas em 2-6 casos por cada 1000 agricultores na Suécia, na década de 1980.

Outras doenças pulmonares intersticiais: As doenças raras podem ocorrer sob a forma de um surto aleatório relacionado com uma exposição no local de trabalho. Um exemplo é um surto de uma forma grave de pneumonia nos trabalhadores da indústria têxtil, chamada síndrome de Ardystil, causada por tintas aerossolizadas. Estes surtos raros são um lembrete de que os trabalhadores não devem ser expostos a compostos aerossolizados a menos que estes tenham sido testados e se saiba que são seguros.

Outra área de preocupação é a utilização de nanomateriais para várias novas aplicações. Embora nenhuma investigação robusta tenha ainda confirmado que há doenças pulmonares que são causadas por exposição a nanomateriais, alguns estudos em animais levantaram preocupações quanto aos efeitos nocivos que estes materiais possam ter no ser humano.

CANCRO DO PULMÃO

Há várias exposições cancerígenas no local de trabalho, incluindo a fibras de amianto, compostos de níquel, arsénio, materiais de combustão do gasóleo e gás rádon. Estes agentes também podem reagir com o fumo do cigarro para causar efeitos nocivos. O tabagismo passivo dos colegas também está categorizado como exposição no local de trabalho. Pensa-se que 15% dos casos de cancro do pulmão nos homens e 5% nas mulheres sejam causados por exposições ocupacionais. O cancro do pulmão ocupacional é muitas vezes subnotificado, uma vez que muitas pessoas com cancro do pulmão são fumadores ou ex-fumadores.

DOENÇA PLEURAL (INCLUINDO MESOTELIOMA)

A doença pleural está quase exclusivamente relacionada com a exposição ao amianto. Ainda que a utilização de amianto seja agora ilegal, as pessoas que foram expostas à doença enquanto jovens estão a viver com a doença na terceira idade

As doenças pleurais podem ser não malignas, o que significa que o tumor não tem o potencial para se propagar. Estas ocorrem com maior frequência nas pessoas com apenas uma exposição ligeira ao amianto.

As formas malignas da doença incluem o mesotelioma, que geralmente ocorre 30 anos ou mais após a exposição ao amianto e se prevê que mate 250 000 pessoas entre 1995 e 2029. Segundo esta previsão, um em cada 150 homens nascidos entre 1945 e 2050 irá morrer deste tumor, para o qual não há nenhuma cura eficaz.

Outra área de preocupação é a utilização de nanomateriais para várias novas aplicações. Embora nenhuma investigação robusta tenha ainda confirmado que há doenças pulmonares que são causadas por exposição a nanomateriais, alguns estudos em animais levantaram preocupações quanto aos efeitos nocivos que estes materiais possam ter no ser humano.

Prevenção


Em princípio, as doenças ocupacionais devem ser mais fáceis de prevenir do que as doenças que são causadas por fatores genéticos, fatores do estilo de vida ou do meio ambiente em geral. Pode ser mais fácil mudar a situação para prevenir a exposição à causa e existem quadros de medidas na Europa para ajudar a proteger os trabalhadores de quaisquer efeitos nocivos do ambiente de trabalho.

Além disso, a União Europeia definiu normas de exposição para definir o nível seguro de poluentes, ao qual não se preveem riscos de saúde importantes. Nem todas estas normas estão atualizadas ou se baseiam em dados de saúde e alguns países têm as suas próprias normas, o que permite níveis variáveis através da Europa.